Olá, amantes do Design de Superfície,
Nesse post vou mostrar o lindo trabalho do Erick Schrega Design
O Erick é um artista que transforma o couro e a tecelagem em verdadeiras obras de arte. Cada peça que ele cria: bolsas, pulseiras e outros produtos é resultado de um trabalho meticuloso e apaixonado, onde ele mesmo tece as fitas que utiliza como alças. O diferencial de Erick é sua contínua dedicação à pesquisa histórica, que o inspira a remeter a projetos de diversos povos e épocas, trazendo um toque cultural e autêntico às suas criações. Além disso, ele é o responsável pela confecção de botões feitos com ossos e pela produção do seu próprio tear, o que torna seu trabalho ainda mais singular e artesanal.
Cada fita tecida tem um padrão que conta a história de um povo, de um fato, costume ou tempo. A faixa que escolhi para a minha bolsa, na figura abaixo, é baseada em um artefato encontrado em Antinoópolis, no Egito. Datada do século VI, época do domínio romano sobre o Egito, ela foi usada como barra de uma veste mortuária, encontrada na tumba de uma família nobre da cidade.
No vídeo e texto abaixo o Erick me explica como funciona a técnica de tecer esses padrões:
“No vídeo, todas as cartas são rotacionadas no mesmo sentido. Esse nem sempre é o caso, mas a cala única sempre é formada ao final da sequência de rotação das cartas.
A tecelagem com cartas é uma técnica de manufatura de faixas de tecido que acompanha a história da humanidade há milênios. A técnica é encontrada no registro arqueológico desde a Idade do Bronze (3300 a 1200 a.C.) na Eurásia, além de ser encontrada também em tradições indígenas das Américas.
A técnica em si envolve cartas (ou cartões) perfurados, normalmente com um mínimo de 3 e máximo de 6 furos, pelos quais os fios de urdidura passam. A rotação das cartas gera as diferentes calas, posicionando os fios selecionados acima do fio de trama para que apareçam no padrão tecido.
Diferente do tear de pente liço, as cartas podem ser rotacionadas independentemente, permitindo o desenvolvimento de padrões e texturas elaborados e variados, com uma estrutura de tear relativamente simples.
Essa técnica era transmitida oralmente, e os padrões históricos que eu reproduzo dependem de reconstruções feitas por arqueólogos têxteis, muitas vezes com base em artefatos de menos de 1cm de comprimento.
As faixas resultantes dessa técnica são resistentes, por causa da torção dos fios causada pela rotação das cartas. Por isso, essas faixas eram muito usadas no passado como barras protetoras em roupas, além de como alças de bolsas e cintos decorados.
A manufatura da faixa exige cerca de 2 horas para a montagem do tear, e cerca de 80cm de tecido são completados a cada hora de trabalho.” (por Erick Schrega)
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